Era sabido que o México tem uma proposta de jogo mais solta do que a Croácia. Mais sabido ainda, dada a proximidade geográfica e a sequência de duelos, era que os mexicanos conhecem bem o futebol brasileiro. Só que havia algo que não era esperado: a dificuldade de passar pela marcação dos mexicanos e o pior: por vários momentos ver a possibilidade do adversário marcar seu gol.
Diante disso, o empate por 0 a 0 entre Brasil e México, na tarde desta terça-feira, na Arena Castelão, em Fortaleza, não é considerado como o mais desastroso dos resultados. Longe do ideal para o time que joga a Copa do Mundo diante de sua torcida. Mais próximo desse mesmo ideal se for levado em consideração tudo o que aconteceu em 90 minutos.
Os dois times chegam aos quatro pontos no Grupo A da competição e o Brasil só mantém a liderança por ter melhor saldo de gols (2 a 1). De qualquer maneira, nenhuma das seleções será ultrapassada por Croácia e Camarões, que se enfrentam nesta quarta-feira. Mesmo que haja um vencedor nesse duelo, esse time chegará aos três pontos. A Seleção deixou o gramado sob vaias.
Luiz Felipe Scolari manteve o mistério até a divulgação da escalação oficial. Quando os nomes saíram, estava confirmada a presença de Ramires na vaga de Hulk, poupado por causa de dores no músculo posterior da coxa. Havia a possibilidade de Willian começar como titular.
O ambiente estava todo preparado muito antes da bola começar a rolar. O torcedor brasileiro presente na Arena Castelão abraçou a ideia de cantar o Hino Nacional abraçado e, principalmente, de cantar à capela a primeira parte da música e não somente o trecho editado, aquele que cabe nos 90 segundos determinados pela Fifa para a execução dos hinos no protocolo de entrada das equipes. A iniciativa do torcedor levou Neymar às lágrimas.
Só que quando o árbitro turco Cüneyt Cakir autorizou o início da partida, a Seleção Brasileira encontrou um adversário disposto a fechar todos os possíveis espaços e tentar encaixar um contra-ataque. O Brasil manteve a proposta de explorar os talentos individuais e quase sempre era paradao por uma forte marcação mexicana, que não tinha medo de abusar das faltas. Ficou muito difícil para o time brasileiro superar o bloqueio imposto pelos adversários.
Não bastasse, o goleiro mexicano Ochoa mostrou as razões de ter vencido a disputa pela titularidade. Conhecido desde os tempos em que defendia o América do México (e em 2008 ajudou a eliminar o Santos da Copa Libertadores da América), ele evitou o gol brasileiro na melhor oportunidade do primeiro tempo. Daniel Alves cruzou e Neymar cabeceou à queima-roupa. Ochoa espalmou em cima da linha.
O treinador brasileiro reconheceu a necessidade de dar mais velocidade ao time e promoveu a entrada de Bernard no lugar de Ramires no segundo tempo. Além disso o substituto de Hulk havia levado um cartão amarelo no final da primeira etapa. Só que o México já vinha enxergando desde o primeiro tempo a possibilidade de conseguir seu gol com chutes de longa distância. Já havia demonstrado essa tendência com José Vázquez, no primeiro tempo. Nos primeiros 10 minutos da segunda etapa Guardado, Herrera, além do próprio Vásquez arriscaram os arremates e deram sustos imensos em Julio Cesar.
Com Fred em atuação apagada e precisando de uma nova tática sem um centroavante que jogue de costas para o gol, fazendo o pivô, caso do titular, Felipão trocou o camisa 9 por Jô. Fred deixou o campo vaiado. Aos 38 minutos o treinador decidiu colocar Willian na vaga de Oscar. Do lado mexicano, Chichatito Hernández entrou no lugar de Peralta, mas estava inoperante.
Foi aos 40 que Neymar, em cobrança de falta, levantou a bola na área e Thiago Silva cabeceou forte para mais uma grande defesa de Ochoa. Foi a última grande oportunidade da partida, encerrada com as vaias da maior parte da torcida.
BRASIL 0 X 0 MÉXICO
Data: 17/06/2013
Horário: 16 horas
Local: Arena Castelão, em Fortaleza (CE)
Público: 60.300 pagantes
Cartões amarelos: Ramires e Thiago Silva (Brasil); Aguilar e José Vázquez (México)
Árbitro: Cüneyt Cakir (Turquia)
BRASIL
Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires (Bernard) e Oscar (Willian); Neymar e Fred (Jô)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
MÉXICO
Ochoa; Maza Rodríguez, Rafa Márquez e Héctor Moreno; Aguilar, José Vázquez, Herrera (Fabian), Guardado e Layún; Giovani dos Santos (Jimenez) e Oribe Peralta (Javier Hernández)