O eventual envolvimento de dois policiais militares em uma chacina na Vila Mathias, em Santos, é investigado pelo Ministério Público (MP) e pela Polícia Civil. Com saldo de três mortos e um baleado, o crime foi cometido em suposta retaliação à execução do sargento Marcelo Fukuhara, de 45 anos, que atuava na Força Tática do 6º BPM/I.
Segundo fontes, uma testemunha protegida ouvida pelo MP teria apontado os dois PMs suspeitos como envolvidos na chacina. Por ocasião de seu depoimento, ela ainda apresentou pelo menos uma cápsula deflagrada de pistola achada no local do crime, ocorrido na Rua Comendador Martins, às 2h45 de 7 de outubro de 2012.
Armas apreendidas nas casas dos investigados com o respaldo de mandado de busca e apreensão, agora, serão confrontadas com a munição recolhida no local da chacina. O laudo ainda não está pronto e determinará se algum dos armamentos periciados foi utilizado na matança da Vila Mathias.
Lotado na Força Tática do 6º BPM/I, um dos averiguados foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e encontra-se no Presídio Militar Romão Gomes, porque entre as armas encontradas em sua residência havia uma pistola Taurus, de calibre 380, com a numeração raspada.
As armas recolhidas na casa do outro policial estão registradas, razão pela qual ele não foi autuado. Por ocasião da morte de Fukuhara, ele trabalhava em Santos, mas depois foi transferido para o Interior. O advogado Alex Ochsendorf defende os dois PMs e diz que os seus clientes estão tranquilos, porque não praticaram qualquer ação ilegal.
Fuzilamento
Cerca de duas horas antes da chacina, o sargento Fukuhara fora abatido com tiros de fuzil na Ponta da Praia. Ela passeava com seu cachorro na frente do buffet pertencente à sua mulher, na Avenida Rei Alberto I, quando ocupantes de um Hyundai ix35 preto abriram fogo contra ele e fugiram, não sendo identificados até o momento.
Fukuhara portava duas pistolas, mas sequer teve tempo de sacá-las. Ao tentar socorrê-lo, José Antônio Alves de Carvalho, de 53 anos, também foi baleado e morreu. Ele era funcionário do buffet. O nome do sargento faria parte de suposta lista de policiais militares marcados para morrer elaborada pelo crime organizado.
Retaliação ou não, após o brutal e covarde assassinato de Fukuhara, na mesma madrugada, houve um derramamento de sangue em ações similares entre si cometidas na Vila Mathias, no Morro do São Bento, no Centro e na Areia Branca. As vítimas desses atentados foram alvejadas por desconhecidos em carros ou motos.
O caso mais grave foi o da Comendador Martins. De uma só vez, dois homens em um carro escuro, provavelmente um Celta ou Gol, atiraram contra três jovens. Atingido na orelha esquerda e na perna direita, um deles sobreviveu. O cabeleireiro Fábio Manoel França, de 29 anos, e o discotecário José Rodrigo de Pina Júnior, de 25, morreram.
O carro continuou em movimento e na mesma rua, um quarteirão adiante, os seus ocupantes abriram fogo contra a estudante Melissa Gouveia, de 36 anos, matando-a. As munições usadas no crime seriam dos calibres 380 e 9 milímetros. Um dos assassinos usava máscara, conforme informação do boletim de ocorrência.
Quase que simultaneamente, na Rua Professor Francisco Di Domênico, na Areia Branca, Carlos Roberto de Jesus, de 53 anos, foi executado a tiros, enquanto a sua namorada ficou ferida com um disparo na perna esquerda. A sobrevivente contou que eram dois criminosos, que usavam capuz e fugiram em um carro branco.
Atiradores desconhecidos também balearam sem qualquer razão aparente um rapaz que chegava em sua moradia, na Rua São Marcos, no Morro do São Bento. Sob o Elevado Aristides Bastos Machado, próximo ao Museu de Arte Sacra de Santos, no Centro, outro jovem foi baleado horas após o homicídio de Fukuhara.
Fonte : tribuna
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