A DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, não está de braços cruzados no caso da transferência de Neymar para o Barcelona. E, pelo visto, incomodou bastante o clube catalão. Em entrevista ao jornal espanhol Marca, José Barral, presidente do Grupo, revela que o Barça tentou comprar o silêncio da empresa oferecendo 6 milhões de euros (cerca de R$20 milhões).
A proposta veio em função da desconfiança da DIS com os valores divulgados inicialmente pelo Barça e relativos à transação (57 milhões de euros contra os 17,1 milhões de euros recebidos pelo Santos e repartidos com a DIS e a Teisa - essa última, detentora de 5% dos direitos sobre Neymar). Na venda do craque, a empresa recebeu sua parte referente aos 40% dos 17,1 milhões de euros - em torno de 6,8 milhões de euros.
“O contrato já estava fechado. Era uma proposta posterior, para evitar problemas, para calar nossa boca. Não aceitamos”, afirma Barral. O valor oferecido primeiramente havia sido menor, de 4 milhões de euros. A oferta teria sido feita por André Cury, representante do Barcelona no Brasil, assim como a outra. Todas, naturalmente, verbais para não deixar rastros.
“Tivemos três reuniões com ele. Tomamos um café e ele nos fez uma oferta inicial de 4 milhões de euros para deixar passar a história”, reafirma Barral, reproduzindo como foram os encontros. “Nos sentamos e discutimos para ver qual era a quantia que nós merecíamos de acordo com o valor do jogador. Dissemos a cifra que acreditávamos que deveríamos receber. Para nós, deveriam ser 12 milhões, mais os 6 que tínhamos recebido (na transação). E chegou até os 6 milhões de euros”.
A DIS solicitou ao Barcelona, via Justiça de São Paulo e Ministério das Relações Exteriores, documentos referentes ao contrato para decidir como proceder e ver se possui algo mais a receber.
Outra queixa da DIS, essa referente ao Santos e ao staff de Neymar, é que ninguém comunicou a empresa a respeito da negociação. “A lei no Brasil diz que para decidir de forma unilateral tem que ter 75% da propriedade. E o Santos só tinha 55%”, explica Barral, também ao Marca.
O contrato de Neymar com a DIS também previa comunicação a respeito do interesse do Barça. “O agente compromete-se a comunicar a DIS, por escrito, num prazo máximo de 48 horas, a partir do recebimento, sobre qualquer proposta que receba visando a transferência do atleta Neymar da Silva Santos Jr. a outro clube de futebol, informando o clube, a fonte pagadora, os valores e prazos de pagamento”, diz o documento, divulgado pela ESPN Brasil.
Na entrevista ao Marca, Barral lembra uma oportunidade em que Neymar pai tentou comprar a parte da DIS: “Em setembro de 2011, em três reuniões diferentes, Wagner Ribeiro (empresário de Neymar) e Neymar pai nos ofereceram 8 milhões de euros pelos 40% da DIS. Foi quando apareceu o Real Madrid. O pai de Neymar queria comprar a porcentagem, teoricamente, com o que havia dado o Barcelona de pagamento e sinal”.
Se fosse para o Real Madrid, Neymar seria o mais caro da história
Odílio Rodrigues Filho, presidente em exercício do Santos, lembrou, na entrevista coletiva de quarta-feira, que a proposta do Real Madrid era superior a do Barcelona. Pois bem. O jornal espanhol Mundo Deportivo publicou a oferta com detalhes, em sua edição de ontem – e com direito a reprodução do papel timbrado do clube. Ou melhor, as propostas astronômicas. A inicial totalizou 105 milhões de euros, sem contar salários.
“Onde o Barça pagou 40 milhões de euros à N&N, o Real Madrid – por escrito – ofereceu 60. Onde o Barça pagou ao Santos 17,1 pela transferência, Florentino (Pérez, presidente do Real), subiu até os 20 e, além disso, colocou sobre a mesa 25 milhões adicionais para que o pai de Neymar indenizasse o Barcelona por descumprimento de contrato”, detalha. A resposta foi que para compensar os catalães faltavam 40 milhões de euros.
“Paralelamente, seriam garantidos ao jogador 12 milhões livres anuais em um mínimo de seis temporadas e no máximo de oito”, conta a reportagem. O acordo com o Barça ainda não tinha sido fechado. Aí veio oferta maior ainda, de 200 milhões de euros, quando o Real percebeu que os catalães ficariam com Neymar mesmo assim.
“Florentino aceitou colocar os 40 milhões para indenizar o Barça, subiu a oferta ao Santos até os 35 milhões – o dobro que o oferecido pelo clube catalão – e N&N cobrou algo na ordem dos 100 milhões”, explica o texto do Mundo Deportivo.
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